O dia que tentei um prematuro

Cheguei ao limite. É muita dor e sofrimento para uma pessoa só. Depois de muito remoer, sentenciei ao marido: “De uma vez por todas, para não tocarmos mais nesse assunto, vamos pedir ao GO uma cesárea agendada para segunda-feira (5), quando estaremos com 37 semanas”. Quem entende o que é defender o parto humanizado sabe o quanto foi difícil dizer isso. Mas estava pra lá do fundo do poço e absolutamente sem perspectiva.

Avisei a doula e ela perguntou por que não cogitar um parto normal induzido com analgesia (você fica internada e recebe medicamentos/hormônios sintéticos que te induzem ao parto, isso tudo sem sentir dor, mas com uma anestesia que não tire os movimentos das pernas). Gostei e marquei consulta no GO de Maringá que nos atendeu no início da gestação, já que em Campo Mourão não se trabalha com analgesia.

Consulta foi ontem. Vou resumir:

- nada de trazer o Pedro ao mundo antes da hora. “Você já carregou esse bebê por oito meses, vai estragar tudo agora no final?”

- poderia ter sido internada desde já para tomar algo para a perna, com acompanhamento de um ortopedista e do GO, mas sem previsão de alta. Nem depois do parto. Deusolivre de hospital sem previsão de sair!

- sugestão foi continuar o pré natal em Campo Mourão, pois o deslocamento até Maringá é cada vez mais torturante

- voltar a consultar um ortopedista para tentar ver se tem alguma lesão na coluna (complicado sem poder fazer raio-x) e ver um remédio que realmente dê conta da dor, já que paracetamol está perdendo o efeito

- saí do consultório com uma receita de um medicamento que combina paracetamol e morfina e que não deixa o Pedro grogue. Aliviou e até durante o horário da crise diária (19h às 22h), estava relativamente tranqüilo, apesar de o dia ter sido bem puxado

Quando ele disse que não ia fazer o parto já, me desesperei. Já tinha levado mala de maternidade, cadeirinha, estávamos preparados para fazer o neném nascer naquele dia. Demorei alguns minutos em profunda tristeza até voltar a raciocinar.

Lógico, claro e evidente que não desejo colocar a saúde do nosso filho em risco. Foi uma atitude desesperada ao máximo. Acabei pensando: “Puta merda! A gente ouve tanto falar de gente que simplesmente agenda o nascimento para 37 semanas por sugestão do próprio médico e quando preciso, disso cadê que consigo?”. Mas entendi como um sinal. O que preciso, pelo menos por enquanto é um alívio para essa dor. Parece que consegui. Não tem motivo para colocar em risco a saúde de um neném plenamente saudável desde o início e que não deu nenhum sinalzinho que já está pronto.

Então a gente fica assim. Doloridinha, mas dá pra suportar e esperando o piazinho dar o ar da graça.