terça-feira, 26 de maio de 2015

Um tempo para reorganizar o ninho

A chegada da Elis mexeu com muita coisa por aqui. O começo foi difícil. Ela chorava bastante, se perdia um pouco para mamar o leite farto, só mamava se estivéssemos em casa, por consequência, só dormia em casa. Nessa história toda, "ganhou pouco peso" no primeiro mês e lógico que saímos do consultório com recomendação para complemento com leite artificial. A médica já sabia que não daria. Apenas reproduziu um discurso pré pronto. Padrão para qualquer um que estivesse ali para ser aterrorizado. O marido balançou. Eu baqueei, porque por mais convicta que você esteja sobre a amamentação, a ouvir que sua filha está passando fome e a culpa  é sua é muito difícil. Mas sempre tive leite que nunca é fraco, ao contrário do que também gostam de insinuar. Faltava a gente se acertar. Discutirmos a nossa relação. Elis e eu. O choro dela era o meu.

Sentia o coração levemente despedaçado. Queria dar a mesma atenção de sempre para o Pedro. Sabe aquela história de que em coração de mãe sempre cabe mais um? Cabe mesmo. Mas quando você cria com bastante proximidade, sofre um pouco com a adaptação.

Para ajudar, puerpério é por si só um momento difícil. Queria ter o coração calmo para contemplar aquele mini ser humano maravilhoso e feito com tanto carinho, mas aqui dentro era um tumulto de sentimentos e hormônios que não ajudavam.

Mas o tempo passou. Depois dos três meses as coisas ficam mais possíveis. Elis maiorzinha interagia mais com o Pedro e esses momentos dos dois juntos constroem aquela calma que precisava/preciso.

Depois vieram muitas fases (ela está com 10 meses e meio). Surgiram oportunidades. Talvez a mais bacana foi coordenar o Gesta Campo Mourão junto com a Anamaria. Em meio à estruturação do grupo apareceu um incomodozinho aqui dentro. Ele foi crescendo, crescendo e infelizmente saí antes de entrar de fato para o grupo que está sendo tocado lindamente tocado por ela.

Desde que a Elis nasceu não estava mais atuando nos grupos maternos da mesma forma, talvez antes, até. Saí de vários só restaram aqueles em que a amizade era maior. A melhor forma de explicar é que simplesmente não tinha mais saco. Parto e maternagem em geral eram e ainda são assuntos um pouco saturados pra mim. Talvez faltou equilíbrio. Antes estava muitíssimo nesse mundo. O copo transbordou. E havia um chamado: era necessário cuidar do meu ninho antes de ajudar no ninho alheio.

E mergulhada ainda mais na nossa realidade apareceram muitos questionamentos: será que vale a pena? Estamos no caminho certo? Deveríamos mesmo ter tido filhos? Ai que saudade da liberdade de antes!

Sim. Estamos no nosso caminho certo. Cada minuto vale a pena. A liberdade de antes dá saudade, mas a vida é isso mesmo. Você faz coisas boas para ter boas lembranças.

Demorou um pouco, mas a paz chegou. Agora estamos bem. O clima de casa melhorou e se o choro aparece é devido a um dedo preso na gaveta ou disputa por brinquedo. Assim seja! A vida segue.