Tem GO [cesarista] de Campo Mourão que não tem disposição para atender partos com respeito difamando o nosso parto. Já imaginava que isso fosse acontecer. Pela gente, não ligo, mas vou esclarecer umas coisas porque desde que entramos nessa, foi em busca de clareza para nós e para terceiros:
- tive que repor DUAS bolsas de sangue e não SETE como disseram.
- não "quase morri" como ele afirma. Poderia ter aguardado a recuperação com descanso e atenção à alimentação. Mas levaria semanas.
- o desmaio pós parto foi causado pelo cansaço físico + falta de alimentação (não QUIS comer, mas me ofereceram comida o tempo todo) + quadro de anemia anterior ao parto e gestação (suplementei no inicio e fim da gestação e preciso ficar sempre de olho - isso a vida toda) + perda de sangue na laceração + perda de sangue para expelir uma placenta grande (a perda é, digamos, proporcional ao tamanho da placenta).
Uma equipe estava monitorando tudo e tudo isso que aconteceu é normal e não me faz desistir de ter outro parto da mesma forma (se tivesse interesse em ter mais filhos).
Beijinho no ombro pra você, querido obstetra que denigre a experiência alheia como forma de exaltar (tristemente) o seu trabalho ;*
Nossa maternagem: gestação, crescimento e desenvolvimento, com cada detalhe desse momento tão especial.
sábado, 19 de julho de 2014
quinta-feira, 17 de julho de 2014
Relato de parto da Elis - visão da doula Patrícia Merlin
Olha só que privilégio: Elis tem dois relatos de parto. Um feito por mim e outro feito pela nossa doula, a Patrícia Merlin. O relato dela ficou tão lindo e completinho que não tinha simplesmente como inserir as informações no outro. Vai inteirinho, mesmo.
A cada vez que leio tudo isso, é como se passasse novamente pela experiência. E quero ler pelo menos uma vez por semana até o fim da vida, para não esquecer quão difícil, especial e completo foi.
"Chegamos na sua casa as 9:30h, o Marcus nos recebeu na porta, estava tranqüilo. Você estava no seu quarto, sentada na bola e apoiada na cômoda, aparentemente tranqüila, sorriu e conversou, veio uma contração e você se dedicou a ela. Neste momento estavam presentes e próximas, mas lidáveis, pois você nos recebeu, nos orientou sobre a casa, sobre as coisas na gaveta, me ofereceu uma deliciosa essência de romã, conversamos sobre as posições que você usou até ali, como sentia as contrações, se havia dormido, se alimentado, etc. Enfim, você ainda conversava, ria, reclamava.
A cada vez que leio tudo isso, é como se passasse novamente pela experiência. E quero ler pelo menos uma vez por semana até o fim da vida, para não esquecer quão difícil, especial e completo foi.
"Chegamos na sua casa as 9:30h, o Marcus nos recebeu na porta, estava tranqüilo. Você estava no seu quarto, sentada na bola e apoiada na cômoda, aparentemente tranqüila, sorriu e conversou, veio uma contração e você se dedicou a ela. Neste momento estavam presentes e próximas, mas lidáveis, pois você nos recebeu, nos orientou sobre a casa, sobre as coisas na gaveta, me ofereceu uma deliciosa essência de romã, conversamos sobre as posições que você usou até ali, como sentia as contrações, se havia dormido, se alimentado, etc. Enfim, você ainda conversava, ria, reclamava.
Logo após a nossa chegada o Pedro acordou, veio até você,
foi tomar café na cozinha com o pai. Sentei com eles e conversamos enquanto as
parteiras se organizavam na sala e conversavam com você. Aparentemente o ritmo
do TP deu uma sossegada nessa fase, até que a gente se estabelecesse na casa e
você se sentisse novamente segura, então elas voltaram a ficar mais próximas e
mais longas.
Sua posição preferida durante a contração era a de 4 apoios,
pernas afastadas e barriga pendendo, sem balanço e sem movimentos, só
respirando e esperando passar. Muitas vezes você tentou sentar, levantar,
acocorar, ficar de joelhos, mas mal a contração começava, você se jogava pra
frente de novo e ficava de 4. As vezes a contração era mais forte, você verbalizava,
som graves, alguns ais. Mas sempre firme, apesar de começar a referir que incomodava
mais a dor na perna do que a própria contração. A contração alias, era no pé da
barriga e se estendia para o interior da coxa, mais pra frente, quando o banho
no chuveiro aliviou um pouco a dor das contrações, você conseguiu definir
melhor qual era a dor da contração que ia até a coxa e qual era a dor da perna
que te acompanhou na gestação do Pedro. Você se queixava da dor, mas lidava bem
com ela. Nessa fase estive sempre ao seu lado e as parteiras ficaram na
cozinha, vindo de vez em quando para ouvir o BCF e dar uma olhadinha em você.
De quando chegamos até as 11h, você ficou bem. Pedro ficou
tranqüilo, brincando com a gente, solto pela casa. O Marcus ainda estava mais
preocupado com o Pedro do que em ficar perto de você. Mas aí você foi para o
chuveiro, onde joguei algumas gotas do óleo essencial de funcho doce e então
ele foi ficar junto, ainda do lado de fora. O Pedro pediu pra sair, eu fui com
ele pro quarto, brincamos de carrinho, depois ele quis ir para o quintal,
fizemos bolinha de sabão, brincamos com gravetos e conchinhas. Ele ia e voltava
do banheiro, e você no chuveiro, já começava a vocalizar mais firmemente, mas
também gostou de estar ali ajoelhada na água quentinha, apesar do espaço
limitado.
Não lembro a hora que você decidiu sair do chuveiro, mas
fora dele as contrações eram bem mais intensas, andar era impossível, nem a
bola você aceitava mais. A perna incomodava muito e infelizmente ninguém pensou
em oferecer um analgésico comum nessa hora, para aliviar ao menos essa dor que
não era do TP. Não houve espaço para muita massagem, uma vez que a dor era na
barriga e ela se tornou intocável. Então permanecemos ao seu lado, dizendo
eventualmente que estava tudo bem, que era só mais uma contração, pra você
descansar na próxima, oferecemos água e frutas, pão, você não aceitou nada, só
água algumas vezes. De joelhos na cama, você disse ter percebido que a dor da
contração estava mais centrada na barriga agora, mas por outro lado a dor da
perna era mais intensa, então tentamos aliviar com a compressa quente. O que
aparentemente foi bom, mas em algumas contrações você começou a se queixar da
dor, que não a queria mais, que estava difícil, que você ia desistir.
Ficamos um bom tempo nessa “briga”, entre tentar novas
posições, tentar te animar e você dizendo que não, que já tinha dado, que você
queria sair dali, queria ir pro hospital e queria cesárea. Não foi só uma ideia
que passou pela sua cabeça, ela passou por você toda, pela sua boca e pelo seu
medo. Então você disse que não ia suportar mais aquilo, por que não ia acabar
nunca, que se estava assim agora (esse agora alias era um momento que a gente
nem sabia qual né?), como estaria no final. Lembrei você que não ficaria pior
do que estava e que o expulsivo não era a parte mais dolorida do parto, com a
voz mimada típica dessa fase do “quero desistir” você disse que ia sim,
perguntei se você confiava em mim e você disse “não mais”...rs Então você saiu
da cama para tentar mais uma posição, ficou de joelhos no chão ao pé da cama e
olhou pra gente com a cara mais seria do mundo e jurou de pé junto que era
impossível continuar com aquilo, que a gente tinha que entender que não dava
mais e que você estava muito consciente enquanto falava. A Lia respondeu algo
usando seu gancho “então já que você esta consciente” e eu não lembro
exatamente o que foi, mas acho que te assegurou que estava tudo bem e que a
gente faria o que você quisesse, mas que sabíamos que não era isso. E eu disse
que todas nos conhecíamos a sua historia, a gente sabia qual era a sua dor de
verdade e que só queríamos evitar que você passasse por ela de novo. E sugeri então,
em acordo com a equipe, que você deixasse elas te avaliarem, se a dilatação
estivesse avançada, a gente ficava e se esforçava pra te ajudar a passar por
elas e que se estive pouca, perto dos 3, 4 cm, a gente ainda ia negociar um
tempo pra ficar em casa, pra não decidir ir pro hospital assim, de supetão, por
que afinal em uma hora muita coisa pode acontecer. Você concordou, deitou na
cama e permitiu o toque.
Todos estavam no quarto nessa hora e eu sai, não sei se fui
atras do Pedro, tomar água ou ver a hora, mas quando voltei a cara de todo
mundo era de animação e você estava indo pro banheiro. Passei pela equipe e me
disseram: 7cm! Fui com você ao WC e você sentou no vaso, pois ainda sai
bastante tampão ou podia ser um pedaço da membrana da bolsa também, daí você me
olho e disse: nossa, 7cm, fiquei muuuuito feliz agora, eu tava com muito medo que
estivesse em 3cm ainda e sorriu mole, de olhos fechados. E foi acordado entre
todos que você deveria voltar ao chuveiro, pois foi onde se sentiu melhor e
também por que assim as contrações ficavam mais espaçadas e você teria mais
tempo para descansar e a Elis pra descer. Eram 13h e foi quando você me
permitiu avisar as “Mamadonas” que já estavam enlouquecidas, embora soubessem
que o TP tinha começado e que nós estávamos na sua casa desde cedo.
A partir daqui nós deixamos você mais sozinha, Pedro foi
para a casa dos avós e o Marcus assumiu o lugar dele no box com você. Joguei
mais umas gotas de funcho no box e coloquei o difusor com funcho no WC também.
De vez em quando uma de nós ia lá ver se estava tudo bem, você pedia água ou
falava alguma coisa e a gente logo saia. Foi quando almoçamos, chegaram Larissa
e Carol e quando as suas vocalizações ficaram mais intensas. Larissa ficou com
vocês no banheiro e nós todas no quarto, esperando e fofocando. Fui lá
perguntar se tinha um espelho que pudéssemos usar pra você ver o expulsivo e
você ficou “brava” , dizendo antes que eu perguntasse “nem vem, que eu não vou
sair daqui!” , “calma mulher, só quero saber onde tem espelho”...rs Mas a dor
da perna estava mesmo te incomodando muito, você disse que a dor do TP não era
nada em comparação a essa dor da perna e eu tentei sugerir que você ficasse em
outra posição ali mesmo, por que fazia mais de uma hora que você estava sentada
no chão. Você não quis.
De repente a vocalização ficou mais forte. Estilo puxo mesmo
e todas silenciaram: ó...! Fui lá, abri a porta do box e fiquei te observando.
Você estava sentada no chão, com as pernas abertas, o bumbum um pouco pra
frente de forma que era possível visualizar a vulva se pronunciando a cada
contração, o Marcus na sua frente, sentado na banquetinha segurando suas mãos,
te animando e se deixando animar também, a cada contração, percebendo que ela estava
vindo, seu corpo mostrava isso. Todos vieram te ver e decidimos colocar a
banqueta pra você se acomodar melhor, na tentativa de que a banqueta
sustentasse melhor a sua perna dolorida. Não saímos mais dali, a Larissa ficou
na porta do box fotografando, foram algumas contrações até eu decidir gravar o
áudio dos seus puxos. Eles eram violentos, guturais, mulher da caverna total, apertava a mão do Marcus
muito, muito forte, empurrando o corpo pra trás.
Ele queria pegar a Elis, mas não tinha como soltar suas
mãos, então a Regina entrou no box com vocês.
Foram dois áudios e um vídeo desse finalzinho, Elis vindo e
voltando e você se espremendo, obedecendo sua vontade de gritar. Então a cabeça
dela já estava quase toda para fora, a Regina acariciou o cocuruto e disse pra
você fazer o mesmo. Mais duas contrações e saiu Elis todinha, muito lambrecada
de vernix, escorregadia, grandona, toda fofa, com dobrinhas nas costas! Mas so
vi isso tudo depois ne? Por que eu estava do lado de fora, filmando por cima do
box com o celular. Alegria geral, parei de filmar e fiz mais um áudio, primeiro
chorinho dela.
Ela nasceu as 14:58h, confirmei nos vídeos depois.
Primeiros atendimentos prestados ali mesmo, Elis
enroladinha, coleta do sangue do cordão, toalha pro Marcus se secar, todos
esperando a placenta e ela nada. O sangramento nessa hora provavelmente era das
lacerações, formaram imensos coágulos que quase entupiram o ralo depois. Elis
não mamou, mas ficou aconchegada. Marcus saiu do banheiro, pegou Elis e quando
você quis fazer o mesmo, desmaiou. Ele passou ela pra mim e foi ajudar as
parteiras a levantar você e depois a te tirar do banheiro. Enquanto isso
trocamos os panos que a aqueciam e a pesamos: 4,310gr. Elis ficou enrolada nos
panos secos, no meu colo, tapando o rosto com as mãos e resmungando baixinho,
até você vir pro quarto e o procedimento pra dequitação da placenta continuar,
então a Regina pegou ela pra medir PC PT e PA e a colocou mais perto de você na
tentativa de que mamando ajudasse a placenta. Ficaram bastante tempo tentando e
depois que ela saiu e foram suturar as lacerações, eu fiquei zanzando pelo WC e
quarto, arrumando a bagunça. Esse momento que costuma ser tranqüilo, continuou “tenso”,
pois a contração vinha forte pra dequitação e a perna doía, depois na sutura a mesma
coisa, a perna incomodando ainda. Mas você bem mais disposta, já conversando e reclamando,
segurando Elis e atenta a tudo. Fiz o print da placenta nesse momento. Antes do
print, Larissa e Carol foram embora. Nada, absolutamente nada, desabona a
conduta de ambas.
Depois de tudo finalizado, você já limpa e arrumada, sentada
na cama com a pequena (só que grande) no colo, tentando mamar, chegaram os
primeiros familiares trazendo Pedro pra conhecer a irmã, foram discretos e
rápidos, não vi o momento em que o Pedro viu a Elis, mas ele quis voltar pra
casa da vó. As parteiras fizeram a declaração do nascimento no seu computador
enquanto a gente conversava no quarto, tiramos fotos de vocês três, achei
lindas por sinal... Você falou do medo de não dar certo, de como esse parto
serviria de incentivo para outras pessoas, de como não esperava que fosse
tãaaaao intenso assim, mas enfim... que estava feliz, que foi bom, que você
conseguiu... Lembrei agora que teve uma hora no TP que eu te disse que a gente
devia tomar cuidado com o que deseja, por que como eu, você desejou TUDO e o
tudo veio, com força total...
Depois chamei todo mundo pra tirar foto junto e nos
despedimos em seguida."
quarta-feira, 9 de julho de 2014
Relato de parto da Elis - domiciliar planejado em Campo Mourão (PR)
A escolha
Não escolhemos o parto domiciliar. Ele nos escolheu. Depois
de passar por uma desnecesárea e ter a cicatriz na alma que nunca fechou, fomos
a um encontro de gestantes do Maternati e após ouvir vários relatos de parto, sentenciei
para o marido: nosso próximo filho nascerá em casa. Não estava grávida, ainda e
ele não teve opção. Ainda tinha algumas inseguranças, mas estava certo e com o
tempo, foi ficando mais à vontade com a ideia.
Apenas nascendo em casa, poderíamos garantir respeito e
liberdade para a nossa filha e para a gente. Além disso, temos um mais velho.
Ficar dois a três dias sem o Pedro não me agradava. Um novo integrante da
família precisa ser celebrado por todos.
Quando soube do exame positivo, avisei o Marcus, a doula e a
parteira. Nessa ordem. Descobrimos bem no comecinho e ainda teríamos muito
tempo, mas a meta desta vez foi não repetir erros. Precisava garantir nosso dia
P.
Apoio
Diferentemente da primeira vez, não fizemos questão de sair
contando sobre nossas opções. A princípio o parto seria em Maringá, pois estava
consultando com o Edson Rudey, que abraçou a causa do PN em na cidade. Já
começamos as consultas para “sondar o terreno” desde antes de engravidar, para
garantir. Mas então... o parto seria em Maringá, na casa da Priscila, nossa
amiga-irmã. A princípio ficava mais a vontade com essa opção, porque SE
precisasse de hospitalização durante o PD, poderia contar com uma estrutura e
profissionais que me passavam mais segurança.
Acontece que lá pelas tantas, comecei a ficar encanada com a
ideia de parir na casa alheia. Não sabia se o Pedro ficaria suficientemente à
vontade, nem a gente. Então decidimos ir atrás de um obstetra para ser o plano
B aqui em Campo Mourão. As perspectivas não eram das melhores, mas resolvemos
dar mais uma chance. Eis que um dia, estávamos na sala de espera do consultório
da pediatra do Pedro (que quase nunca precisa de médico, então acredito que foi
um sinal, mesmo) e abro uma dessas revistas de artigos médicos da região. O
título estava lá: “Parto normal é normal”. O que? Uma profissional daqui
escrevendo algo assim? Gelei. Ri. Mostrei para o Marcus e resolvemos marcar uma
consulta para a tal Carolina Ferrari.
Fomos munidos de um roteiro com temas que seriam
aprofundados de acordo com o que sentíssemos dela. Contar que seria um parto
domiciliar era a cereja do bolo, só se ela merecesse, heheheh Daí ouvimos
algumas coisas que nos deixaram mega bobos, como:
* “Gosto de fazer parto normal. Às vezes a mulher chega ao
plantão querendo cesariana, mas pergunto por que sendo que está tudo certo e dá
para fazer normal.”
* “Meus colegas até questionam minha postura, mas eles que
fiquem com a parcela de quem quer cesárea. Eu vou ficar com as pacientes que
querem parto normal.”
* “Episiotomia só na hora que o neném está saindo. Mas é
coisa de no máximo 50% dos casos (ainda achei meio muito, mas vá lá...)”.
* Falei da preparação do períneo, justamente para evitar a
episio e laceração, ela falou que acha ótimo e ainda recomenda atividade
física, porque o trabalho de parto é um TRABALHO, é uma atividade física
intensa e precisa de resistência.
* Em nenhum momento veio com terrorismo de ruptura uterina
quando falei que teria um vbac.
Depois dessas maravilhas que nos pegaram totalmente
desprevenidos, acabamos abrindo o jogo sobre o PD. O rosto dela se iluminou e
perguntou se poderia estar presente, como “visita”. Pois seria o primeiro parto
domiciliar moderno na cidade. Saímos do consultório bobos. Rindo que nem
criança. Era o apoio que precisávamos. Poderíamos receber a nossa filha no
nosso ninho e ainda contar com alguém que nos passava confiança, se precisássemos
ir para o hospital.
Mais um filho
Na retomada dos estudos de preparação para o nascimento da
Elis, acabei me deparando com muita coisa que me fizeram ter certeza que a
cesárea que trouxe o Pedro ao mundo foi desnecessária. Durante esse processo
doloroso, conversando com doulas de Maringá que são frequentemente procuradas
por mulheres de Campo Mourão que buscam PN, acabei criando um grupo no Facebook
para discutirmos e ampliarmos o acesso às informações que gostaríamos de ter
tido há dois anos atrás. Nasceu o Parir com respeito – Campo Mourão.
Por meio desse grupo conheci pessoas muito especiais, que
nos ajudaram e a quem pudemos ajudar. Acho que conseguimos “salvar” umas duas mães
de desnecesáreas. Isso tudo fez uma grande diferença lá no nosso trabalho de
parto.
Vem, Elis!
Daí que desde o começo, não tinha certeza da data da última
menstruação. Foi meio no chute. Seguíamos a data provável de parto indicada
pela primeira ultra sonografia. Mas tinha uma suspeita que a Elis viria antes
disso. A gestação correu tudo bem. Lá pela 34 semana comecei com a pequena
neura de ela não inventar de nascer antes da hora, porque partos domiciliares
só são possíveis em casos de baixo risco, inclusive nenéns a termo. Mas daí
chegou a 38 semana e fiquei tranquila. Todos os tramites certos (no caso do PD,
os pais tem que ir atrás de fazer o registro na secretaria de saúde, os exames
de sangue logo que nasce e mais algumas coisinhas). Era só ela resolver chegar.
Eu achava/queria que fosse todos os dias, então nem acreditava mais na
intuição.
As contrações de treinamento que tinham aparecido desde a 30
semana, estavam muito fortes na noite do dia 7 de julho. Chegavam a incomodar
enquanto lavava a louça do jantar. A barriga ficava muito bicuda. Na hora de
dormir, senti uma inquietação muito louca. Não sei explicar direito, mas sabe
aquela sensação de quando algo muito bom está para acontecer? Tentei não ficar
impressionada. Acabei indo dormir meia noite. 1h40 acordei com uma suspeita que
a bolsa tinha estourado. Como estava usando absorvente fininho, não dava para
ter certeza. Pareceu que não. Às 3h30 levantei novamente com a mesma suspeita.
Quando sentei na privada, um líquido meio rosadinho. Bingo! Bolsa rota!
Avisei a equipe. 3h49 veio a primeira contração. Não
esperava que seria tão rápido. Estava oficialmente “tentando dormir”. Mas elas
vinham com uns 10 minutos de intervalo. Perto das 6h desisti de dormir e fui
tomar café da manhã. Estava tudo muito rápido. Melhor comer enquanto ainda
conseguia. A cada 2 minutos, precisava agachar.
As 8h acordei o Marcus, que dormia com o mais velho. Lá pelas 9h30
chegaram as enfermeiras obstetras e a doula, Patrícia. Eu em quatro apoios e
respirando muito fundo, já. Quando vi a Patrícia foi muito bom. Ela foi a
pessoa com quem pudemos contar desde o começo, na gravidez do Pedro. Deu
vontadinha de chorar, mas daí veio uma contração e passou, hehehe
O bicho pegava no pé da barriga e aquela dor na perna que
ficou sob controle nos nove meses, resolveu dar o ar da graça em pleno tp.
Quando a barriga doía, parecia que dava um nó na parte interna da coxa e essa
dor na virilha/coxa era muito pior que a da barriga. As coisas foram ficando
intensas e comecei a pensar “Por que fui inventar tudo isso?”. Estava bem ruim.
Vinha à cabeça aquela frase didática sobre parto humanizado: “métodos não
farmacologicos para lidar com a dor”. Cadê esses métodos quando a gente
precisa? Nada aliviava a dor na perna. Eu que achei que iria passar o tp quieta
já vocalizava há algum tempo. Lembrei, também, da Juliana que pariu esses tempos e foi sem dor (nem perceber que estava em tp) até os 7cm. Invejei fortemente.
Sem posição que ajudasse. Até queria saber como
estava de dilatação, mas tinha medo de pedir o exame de toque e ouvir “3cm”.
Seria um balde de água fria. Mas foi. E não é que já estávamos em 7cm?
Foi muito bom ouvir isso. Um pouco antes juro que tinha
cogitado cesárea. Mas sabe aquele tipo de coisa que você fala da boca pra fora?
Pensava em quantas pessoas torciam pelo nosso parto, em como poderia ser
inspirador para outras conhecerem um parto domiciliar, na nossa luta por um
atendimento digno e humano desde o Pedro, que precisava quebrar uma tradição de partos ruins ou desinformados da minha família... não seria justo desistir naquela
hora. Ok. Mais dois centímetros. Quero voltar para o chuveiro, mesmo com medo
de atrasar tudo. A água quente aliviava um pouco a perna e a barriga.
Acho que fiquei umas três horas ali. O Marcus, que no começo
se dividiu entre cuidar do Pedro e me dar apoio, acabou deixando o Pedro nos
avós para se dedicar ao nosso parto. Queria nosso primeirinho por perto, mas as
coisas estavam bem punk e ele ficou meio assustado. Foi uma excelente opção.
O chuveirinho ficava sobre a minha barriga, eu sentada no
chão. O Marcus numa banquetinha na minha frente. Segurava nas mãos dele
(coitado!).
A equipe querendo que saísse daquela posição, para favorecer
a descida da Elis. Me recusava. A muito custo sentei na banqueta de parto. A contração
continuou forte, mas passei a fazer força, também. Achei que quando sentisse os
puxos (perguntei internamente por eles várias vezes), saberia identificar. Mas
não. Comecei a fazer força porque a dor na perna estava muito forte. Queria
acabar com aquilo. Ao mesmo tempo sabia que força fora de hora poderia me causar
uma laceração indevida. Simplesmente empurrei e o negócio é animalesco! A
Patrícia filmou o expulsivo e me pergunto se os vizinhos ouviram aquilo tudo.
Mas foi rápido. Coisa de 15 minutos e a Elis vlupt, escorregou.
Foi muito legal ver a reação do Marcus quando ela começou a sair. Ficou
empolgado. Achei fofo e acabei mais empolgada.
Ainda estávamos eu e o Marcus no Box e ouvi as EOS
perguntando se ele amparava a mocinha. Ele preocupado em como ia segurar minha
mão e fazer isso. Colocou mais uma toalha no chão. Acho que para o caso de ela
cair. Claro que não aconteceu. A enfermeira Regina deu um jeito de se enfiar
ali do ladinho e a segurou. Saiu, veio para o meu colo com muito vérnix.
Lisinha, gostosinha. Fiquei um pouco sem ação. Tínhamos conseguido!
O cordão quase parou de pulsar, quando foi clampeado.
Combinamos assim para colher o sangue para a tipagem e bilirrubina. Dessa forma
não seria necessário furar a Elis. O Marcus cortou. Nem tínhamos combinado, mas
na hora funcionou assim.
Para sair do banheiro, acabei desmaiando. Perdi bastante sangue
no expulsivo (não imaginava que sairia tanto assim, parecia um fígado de tanto
coágulo) e além da fatia de pão e uma xícara de café com leite, só tinha comido
uma banana. Não tinha vontade nem estomago para mais nada. Junte isso ao pouco
sono da noite e o esforço gigantesco, fica fácil a pessoa apagar. Fiquei
pensando em quem vai para o hospital e é privada de alimentação durante o TP,
além de passar as contrações deitada. Agradeci a Deus por não ter precisado
disso.
Na minha cama aguardei a saída da placenta. Sabia que seriam
contrações, mas depois que sua filha nasce, parece que toda a resistência à dor
vai embora. Achei todas muito doloridas. Ficava pedindo para tracionarem
(apesar de saber que não é o melhor caminho). Ainda bem que a equipe não dava
ouvido às minha abobrinhas. Depois de umas tantas contrações, pari a dita cuja
da placenta que pelo que contam deveria ter quase três quilos. Quase outro
neném! Hehehe
Algumas lacerações que precisaram de pontinhos. Nada grande.
Mas reclamei o tempo todo. Não queria sentir nenhuma picadinha de dor.
E assim a Elis veio ao mundo. Pontual. Com 40 semanas. As
15h do dia 8 de julho de 2014. Após quase 12h de trabalho de parto. Pesando
4.310kg e medindo 50cm de puro amor. Nasceu, foi pro colo, mas não quis mamar.
Ficou ali curtindo a água do chuveiro de olhos abertos.
E o Pedro? No age dos seus 2 anos e 3 meses de idade está
sendo um irmãozão. Faz carinho na Elis, compara o tamanho da mãozinha dela e da
dele, imita ela mamando... um lindo!
Se da outra vez faltou apoio, desta tivemos de monte, mas não ficamos parados e esperando por ele. Buscamos com muita persistência e utilizamos todas as ferramentas e informações que tínhamos:
Marcus – meu super marido que embarcou nessa incrível
jornada com muita paciência e disposição (porque ficar aguentando mimimi de
grávida às vezes enche o saco).
Patrícia, nossa doula – primeira pessoa a quem recorri
quando descobri a primeira gravidez. Responsável por derrubar os nossos mitos e
mostrar que para parir tem que ser muito forte para lidar com um sistema
corrompido, mas que é possível e nunca desistiu da gente.
Priscila, Eliane e Regina, nossas enfermeiras obstetras da
Semilla parto hospitalar e domiciliar – profissionais incríveis que trabalham
com discrição e amor na medida certa. Possibilitaram viver tudo isso no
aconchego do nosso lar e são peças importantíssimas na humanização do
nascimento na região.
Carolina Ferrari, nossa GO em Campo Mourão – a incrível
surpresa da nossa gestação. Acompanhou parte do nosso parto realmente como
visita e fiquei extremamente feliz de vê-la aqui, sonhando com muitos nascimentos
que poderiam ser ainda mais respeitados a partir de então. Pelo jeito gostou
tanto da experiência quanto a gente. Mandou até recadinho: “Por favor mencione que foi o primeiro parto
domiciliar que eu assisti e achei maravilhoso. Passei tantos anos estudando pra
fazer uma coisa que as mulheres podem fazer sozinhas. Porque foi exatamente o
que eu percebi ontem.” Como não amar???
Edson Rudey, nosso GO em Maringá – com quem continuamos o pré
natal até o final (já que a Carolina ainda não atendia pelo nosso plano de
saúde). Me fez sentir muito respeitada a cada consulta. Sem stresses, mitos ou
apavoramentos. Fazia os exames necessários e nos acolhia, sempre dando apoio ao
parto domiciliar.
Amigas Mamadonas e Priscila – pelo eterno apoio. Priscila e
Melina compartilhando suas lindas experiências e Marcela e Anamaria me dando
forças para seguir como exemplo.
Larissa Bortoli – nossa fotografa que foi apresentada (meio
bruscamente) a um parto justamente com o nosso. Foi discreta e conseguiu captar
o momento que foi único, já que a produção foi encerrada por aqui.
Elis, nossa xuxuzinha – por ter participado linda e
ativamente dessa jornada. Em muitos momentos pedi desculpa a ela porque me
sentia dividida entre a necessidade de ter outro filho ou parir. Mas sei que
ela entendeu e apoiou ;)
segunda-feira, 26 de maio de 2014
Considerações sobre o nascimento do Pedro
Acabei de reler (pela nonagésima vez) o relato do nascimento
do Pedro. Acabei de chorar mais alguns litros pelo parto que não tivemos, por
essa dor terrível da cicatriz na alma, que não é “imperceptível e na marca do biquíni”,
como enfatizam os médicos quando falam da cesárea, como se só a estética fosse
importante.
O relato foi escrito logo. Ainda não tinha trabalhado muito
as emoções e acontecimentos. Na verdade isso só foi feito com a gestação da
Elis. Há uns meses, quando retomei a busca de informação sobre parto humanizado
que tirei o resquício de dúvida que ainda existia: tivemos uma desnecesárea.
O principal motivo foi o sistema obstétrico brasileiro. Sim,
porque essa história de “batimentos não tranquilizadores que PODEM não aguentar
o TP” é lorota das brabas. Mas também sinto que sabia muito bem disso na hora
que ouvi a desculpa esfarrapada. Acontece que estava fragilizada. Enfraqueci
depois de lutar tanto em nove meses de pré natal, de só ouvir desculpas,
terrorismo, de passar por essa dita cuja dor na perna que ajudou a terminar de atrapalhar.
Quando leio o relato, a primeira coisa que vem é que “não precisava
ser assim”. E não precisava mesmo. Nossa história poderia ser diferente.
Adoraria ter um relato muito feliz, emocionante e cheio de vida, ao invés de
uma recuperação de anestesia e pontos cicatrizados.
Ao mesmo tempo, sinto que só me achava empoderada, mas não estava
de fato. A gente acha lindo dizer que leu, se informou e está pronta. Mas o
processo não é tão simples. Envolve uma descoberta muito profunda. Algumas tem
a sorte de ainda não estarem com o empoderamento completo e parem assim mesmo.
Outras fream o processo por mil motivos, mesmo sem querer. Por pressões internas
ou externas. Infelizmente acho que fui do segundo grupo. Fui. Assim. No
passado. Porque quero acreditar em mudança. Gestar a Elis está sendo uma
redescoberta. Quero muito poder voltar depois de julho e contar nossa aventura
emocionante, como foi a chegada da Alice, que tive o prazer de acompanhar (pelo whatzap, mas acompanhei).
Quero muito reescrever nossa história.
sábado, 19 de abril de 2014
Quando tem amiga parindo...
Desde outubro do ano passado, muito felizmente, passei por
esta experiência três vezes: primeiro a Priscila manda mensagem avisando que
está no hospital, em trabalho de parto. Não lembro bem ao certo o horário, acho
que foi pela manhã. Mandei boas vibrações e fiquei na torcida. Mas daí segue-se
um longo (qualquer 15 minutos é uma eternidade) período de silêncio. Daí você
fica naquela: liga? Manda mensagem? E se atrapalhar? Ela deve estar na
partolândia uma hora dessas, não vai ficar atendendo celular. E se ela sair da
partolândia pra atender e isso atrapalhar a concentração e emperrar o tp? Ligo
pro marido? Será que ele tá junto com ela? Será que não vai ser muito enxerida?
Mas às vezes ela pode se sentir bem com esse apoio. Mas também pode não se
sentir.
Ai gente, é uma aflição!!!!
É o momento mais lindo, mais natural, que tem que ser mais
respeitado. Mas dada a nossa realidade obstétrica, quando uma pessoa diz que
está em tp e objetiva o parto normal, a gente tem que torcer, rezar, orar,
mandingar tanto... Daí fica querendo informação não para mexericar, mas para
saber se está indo tudo bem.
E a realidade: MORRO de medo de ligar e receber a notícia
que acabou em cesárea. Algo do tipo “o bebê está bem, a fulana também, mas não
foi possível o parto. O médico falou que
[blá blá blá que na maioria das vezes é só desculpa para falta de boa vontade e
profissionalismo do GO]. Acho que não ligo mesmo por este motivo.
Mas então, voltemos à Priscila. Lá pelas 17h ela me manda
mensagem que a Angelina nasceu. Fiquei olhando o celular por alguns minutos
meio sem saber o que fazer. Tão feliz que perdi todos os reflexos. A cabeça deu
um bug. Minha amiga pariu! Minha colega de faculdade, madrinha de casamento,
madrinha do meu filho, que acompanhou toda a nossa saga [frustrada] por um
parto que acabou na faca, pariu! Quando saí dessa situação catatônica, liguei
parabenizando. Acho que já fazia uma hora ou mais do nascimento. Já falou com
uma mulher nessa hora? É muito engraçado. Ela fica louca! Doidona de ocitocina!
Meio que chora, ri, quer falar um monte de coisa, mas é tanta coisa que fica sem nexo. A vontade é
fazer uma entrevista digna de paginas amarelas da Veja, saber tim tim por tim
tim. Mas não é hora pra isso. Deixa o neném mamar, a mãe pentear o cabelo
(parturiente sempre fica meio descabelada, já percebeu?), depois vai ter
oportunidade para a entrevista. No caso da Priscila foi uns 15 dias depois,
quando conseguimos nos ver.
Daí há um mês teve a Isabela. A gente se conheceu num grupo
sobre pn aqui de Campo Mourão (preciso contar dele em outro post). A trajetória
foi longa e meio tortuosa. Daí sofria junto com cada detalhe. Numa
segunda-feira à noite, conversávamos pelo facebook, ela dizendo que já tinha
faxinado a casa e estava sentindo dorezinhas. Poderia ser TP. Na quarta recebo
a mensagem: nasceu com liberdade de movimento e posição para a mãe e sem
intervenções. Neste caso não sabia que era tp mesmo, então fui pega super de
surpresa pela mensagem. Mais uma vez, cara de besta para o celular. Dessa vez
chorei. De felicidade por muita gente. Porque o lindo parto da Isabela
representa uma mudança de paradigmas na nossa cidade. Chorei pelo parto dela e
pelo meu não parto (sim. Sempre a mesma ladainha, mas dói). O momento páginas
amarelas foi mas três semanas depois, quando conseguimos nos ver. Ler relato de
parto é bom. Mas ouvir com detalhes ainda emocionados é melhor ainda.
O mais recente é da dona Melina e este acompanhei com
mais detalhes. Na quinta-feira perto das 9h chega a mensagem que a bolsa
estourou, mas sem mais grandes acontecimentos. Geral se mobiliza. Sugestão de
movimentos, de mandingas, de chás, de tudo. Acho até que ela estava um pouco de
saco cheio das sugestões, mas a gente acaba querendo participar tão na boa
vontade que quando vê, já falou. O dia prossegue sem grandes novidades, mas
pequenos contatos da mãe avisando como está o processo. No outro dia (já me perdi
nas datas, acho que foi isso), o marido dela posta perto das 19h que estavam no
hospital, que o show ia começar. GE-LO.
Pode ser que dure 1 hora, pode ser que durem 11 horas. E
agora? Vou conversando com o [meu] marido sobre. Ele vibra a cada detalhe, também.
A vontade é falar para mais gente, afinal de contas a expectativa é muito maior
que em final de Copa do Mundo. Pra mim é. Juro! Mas para a maioria das pessoas,
não quer dizer muita coisa. Uma porque a amiga, neste caso, mora há 180km e
outra que arrisco ouvir “Por que não tira logo, de uma vez?!”. Melhor ficar
quieta.
Voltando ao parto da Alice... Vou dormir mais de 1h da
manhã. Bem mais tarde que o normal. Sempre de olho no facebook da família inteira
dela (detetive de FB!). Nada. Ai que desespero! Durmo. Acordo pro xixi da
madrugada e olho o celular. Nada. “Ai meu Deus, será que foram pra faca?”.
Madrugo às 6h em pleno sábado de aleluia. Os olhos nem abriram, mas já checaram
o facebook e o whatzapp. Descubro que nasceu pelo perfil de uma parente dela.
Tá. Nasceu e estão bem. Mas...? Sem detalhes! Ai que terror! Daí voltam todas
aquelas perguntas do início do post, inclusive se terminou em cirurgia. Mando
mensagem para as doulas, os parentes... Mas não são nem 7h da manhã. Quem está
online? Ninguém, né?! Vem a informação que perto de meia noite foram para a
sala de parto. Tá. Mas pariu?
Para quem não participa mais ativamente do processo de
torcida pelo pn, pode parecer meio mesquinha essa preocupação. Lógico que quero
saber se o bebê está bem, se a mãe está... mas a chance deles não estarem bem é
mínima. Já a chance de ter frustrado o pn, é imensa. Por isso não basta dizer
que foi para a sala de parto. Quero saber se pariu.
Enfim. Algumas horas depois e vem a notícia que sim.
Pariram! Cócoras e tudo mais. O dia ficou mais lindo. O sol brilhou mais, os
passarinhos cantaram. Sorriso besta no rosto o dia todo. Fé na humanidade, na
sociedade, no ser humano chamado médico que pode ajudar ou frustrar tudo, na
equipe, na família que apoiou, no meu parto daqui uns meses. Vontade de sair
contando, de postar mil coisas no facebook. Mas, mais uma vez para a maioria
tanto faz. Melhor contar só para quem se importa mais.
Os detalhes vieram só à noite, quando a mãe finalmente
contou mais um pouco. Mas ainda tem muita coisa para as páginas amarelas...
Então, minha amiga, faça um grande favor para as suas colegas
ativistas. Pelo menos para aquelas que acompanharam mais de perto sua gestação,
sua luta por parir com respeito: peça para a doula/marido/sogra ou quem estiver
disponível avisar quando nascer. Mas não vale uma mensagem genérica. Algo do
tipo “Nasceu. Foi pn”. Já diz muuuuuuuuita coisa! Assim azamigaíndia já vão
respirar 90% mais aliviadas e vão aguentar um pouco mais a espera pelos
detalhes lindos.
Porque no fim das contas, quando uma amiga está parindo, a gente pari junto!
Porque no fim das contas, quando uma amiga está parindo, a gente pari junto!
quarta-feira, 2 de abril de 2014
Como está sendo gestar a Elis
5 com carinha de 7
Pois é. Seis meses de gestação e bastante gente tem pedido
para atualizar o blog com essa experiência. Confesso que enquanto estava no
quinto parecia que demoraria muito tempo, porque o início tem lá suas chatices
que parecem que nunca vão passar, mas daí chegaram as vinte e tantas semanas e
deu um friozinho na barriga. Julho está logo ali!
Gestar a Elis tem sido... diferente! Sabe aquela história
que um filho nunca é igual ao outro, uma gestação nunca é igual à outra. Fato.
Não é. Também não é legal começar com comparação, mas vejo tudo como um
processo contínuo, até porque o intervalo entre as duas gestações não está
sendo muito grande.
A primeira coisa é que não vivi a parte muito legal de
gestar o Pedro. A partir do quinto mês o repouso e as dores na perna deixaram
tudo muito difícil. Mas agora GRAZADEUS as coisas estão bem melhores. O Santo
Pilates tem ajudado a manter a dor controlada. Sim! Porque a chata já apareceu
ainda no primeiro trimestre, mas com muito alongamento específico e
cuidadinhos, a dor aparece num dia e some no outro. Continue assim, por favor!
O restante do pacote gravídico é o básico: azia caprichada,
inchaço moderado mas está começando a incomodar um pouco no fim do dia,
estômago zoado (lactose do almoço em diante complica tudo), sono, muito sono,
cansaço, pessoa destrambelhada... O destrambelhamento, além de ser meio natural
do ser humano aqui, acho que tem a ver com o tamanho da barriga. Não cheguei a
pegar os exames da gestação anterior para saber se está igual, mas a barriga
está bem grandinha, viu?! Principalmente porque tenho visto umas grávidas PP
por aí que me deixam bolada. Mas a Elis está com tamanho padrão, o ganho de
peso dela e meu está dentro do normal, também. Ela é mais aparecida e ponto. E
mexe, viu?! Demorou um pouco para o pai sentir, porque no começo era só à
noite, quando me deitava e agora com ele dormindo com o Pedro, ficava mais
difícil. Mas agora já deu. Até pra ver, já dá. Principalmente se estou com um
vestido estampado. Qualquer dia vou filmar...
E o Pedro? Como está com isso tudo?
Um fofo! Esses dois anos são um mar de fofices! Tem suas
dificuldades, com descoberta e amadurecimento de muita coisa, mas para
compensar um momento complicado, vem duas fofices que nos deixa com o coração
derretido.
Até pouco tempo o Pedro não mandava beijo, nem beijava. A
gente pedia beijo e ele oferecia a bochecha. Olha que esperto! Então que à
noite, quando me despedia dos dois, o Marcus costuma dar um beijo na barriga.
Um belo dia o Pedro abaixa e dá um beijinho estalado na pança da mãe que quase
nem acreditou! De lá para cá está numa beijação só. Inclusive esses dias estava beijando a barriga do pai, também!
Às vezes faz carinho na barriga, conversamos (eu falo, ele
resmunga) sobre como é ter um irmão, explico que ela vai brincar muito com ele,
depois que crescer um pouco, que no começo será muito pequena e tal. Evito um
pouco aquela coisa de “Cadê a irmã?” “Onde tá a Elis?”, que o pessoal gosta de
fazer. Sei lá, prefiro uma coisa mais sutil, num momento que ele está mais
aberto. Ganhar uma irmãzinha é uma mudança considerável.
E o ciúme?
Somos daqueles que acredita que se você não incentiva um
tipo de comportamento, ele não aparece, ou, se aparece, será bem menor. ODIAMOS
frases do tipo “vai perder o colo”. Vamos alimentar ao máximo a amizade entre
os dois e ponto. Até agora tem sido muito bom. Depois que ela nascer certamente
surgirão desafios, mas passaremos por todos juntos e com muito amor.
sexta-feira, 17 de janeiro de 2014
1/52
A Melina, do Jardim Divino sempre dá ótimas dicas e essa não poderia deixar passar... Um projeto para fotografar todas as semanas da vida de uma criança, por um ano. Isso me fez parar para pensar que com o tempo, passei a fotografar menos o Pedro. Primeiro porque acontecem tantas coisas todos os dias que acabo esquecendo mesmo e depois porque só eu que lembro de fotografa-lo, logo quase não temos fotos juntos. Ter que ficar "implorando" fotos para os outros é muito chato, mas é a realidade #maridoficaadica
Daí que hoje cedo apareceu uma lesma na calçada. Pensei "Vai ser legal fazer uma foto do Pedro pertinho dela, com o dedinho apontando a casinha que leva nas costas e blá blá blá". Na prática, ele ficou com medo (?) e permaneceu a uma distância segura, em companhia do Léo. Ok.
Daí que hoje cedo apareceu uma lesma na calçada. Pensei "Vai ser legal fazer uma foto do Pedro pertinho dela, com o dedinho apontando a casinha que leva nas costas e blá blá blá". Na prática, ele ficou com medo (?) e permaneceu a uma distância segura, em companhia do Léo. Ok.
quinta-feira, 16 de janeiro de 2014
Agora as noites são do papai – nosso desmame noturno
Mamando com 1a6m. Preciso fazer uma foto mais recente desse momento!
A palavra desmame sempre me deu arrepios. Uma porque o Pedro
sempre solicitou o peito, seu direito adquirido desde que era um girino. Outra
que adoro amamentar e nunca me incomodei com as fases “ele só quer peito” “ele
fica pendurado, só ‘chupetando’” – aliás, odeio esse termo. E mais outra porque
não queria causar sofrimento para ele, nem ter que recorrer a acessórios
artificiais.
Eis que engravidei com ele ainda mamando. Desde o comecinho
já me via amamentando em tandem (o mais velho e o mais novo ao mesmo tempo –
não, não faz mal para a mãe, o mais velho ou o mais novo. Pode ficar tranquila
e esquecer o que diz a sua avó). Mas daí aconteceram muitas coisas nesse
primeiro trimestre: durante o dia, que ficamos só eu e o Pedro, eu sentia MUITA
fraqueza, enjoo e falta de ar. Devastador! Acabou que não aguentava ficar
brincando ativamente com ele. Estava sempre do lado, mas não era aquela
companhia a que ele estava acostumado. Como não estava aguentando nem comigo,
parei de oferecer o peito. Porque livre demanda é atender as solicitações do
bebê, mas na prática a gente meio que oferece o tempo todo. Quando ele pedia,
atendia, mas se não pedia, ficava na minha. Para ajudar, meu nervo ciático
começou a reclamar enormemente quando segurava o Pedro no colo (já perceberam
que minha coluna/nervos não curtem gravidez né?!), então até agora, quase não o
seguro. Abraço, fico perto, mas sentada. O que foi bem difícil, porque ele
queria dar uma voltinha no colo, chamava e chorava. Mas não tinha como =( Já
que ele não encontrava parceria para as brincadeiras e para o colo na mãe,
partiu muito mais para o lado do pai. Aumentou muitíssimo o vínculo com ele (ou
grudinho, como chamamos carinhosamente).
Então na semana retrasada meus peitos deram uma super
inchada (já tinha voltado ao tamanho de antes da gravidez) e, junto com isso,
começou uma dor absurda enquanto o Pedro mamava. Durante o dia não tinha
problema, porque a mamadinha era rápida, mas na noite, até pegar no sono pra
valer, ficava naquela sucção bem leve e demorada e doíiiiiiiia. Não teve jeito!
Falei pro marido que teríamos de adiantar os planos do desmame noturno. A
primeira noite foi a do último sábado. Deitamos os três na minha cama. O Pedro
no meio. Apagamos a luz e explicamos que era hora de dormir. Ofereci o peito,
mas mamou só um pouquinho e começou a saracutear pela cama, como tem feito
sempre antes de dormir. Quando pegou no sono, deixei os dois no meu quarto e
fui para a cama de solteiro do quarto do Pedro (que não foi usado por ele até
hoje). Durante a noite ele acordou umas quatro vezes e o marido precisou
pega-lo no colo, andar e andar pelo quarto até que adormecesse. O dia tinha
sido bem agitado, então acho que isso deixou a noite mais complicada. As
seguintes foram mais tranquilas. Ele só deu uma resmungadinha, o Marcus passa a
mão nele, faz SSHHHHHH e volta a dormir. Na terceira noite passei e não ficar
no quarto nem para ele adormecer. Me despeço (com uma dorzinha no coração,
preciso reconhecer) e vou para o outro quarto. Ele adormece só com o pai.
Quando o marido está em casa na hora da soneca, também. Mas geralmente à tarde
é comigo.
Estamos nessa rotina há quatro noites. Tem sido bem
tranquilas. Pode ser que em algum momento de dorzinha ou outra necessidade, eu
precise entrar em ação. Ou não. Tudo está fluindo de uma forma incrivelmente
tranquila. O próximo passo é comprar uma cama de casal para o quarto do
Pedro e os dois passarem a dormir lá. Dessa forma, quando a Elis nascer,
ficamos eu e ela no meu quarto.
É importante frisar que apesar de ter feito tudo isso a
partir do momento que a pareceu a necessidade devido à gravidez, só o fizemos
depois de ouvir os sinais que o Pedro deu. Ele já não estava mais adormecendo
no peito toda vez. Em algumas, nem pedia para mamar e durante a noite, quando
acordava, a primeira coisa que fazia era sentar na cama e chamar pelo pai
(apontava para porta no escuro). Também optamos por não abandonar a cama
compartilhada. O Pedro dorme só comigo desde uns seis meses. Não seria justo
simplesmente deixa-lo sozinho no quarto. Assim, o pai passar a ficar ao seu
lado foi excelente para dar continuidade a essa presença. Um dia ele vai dormir
sozinho. Um dia. Não estamos com pressa e esse será outro processo que vamos
orientar de forma tranquila e respeitosa.
Daí que fiquei super feliz pelo nosso mocinho estar crescendo,
ficar ainda melhor com o pai, só que só depois que fui me tocar: ele quase não
está pedindo para mamar durante o dia. Tem dias que esquece totalmente. Logo,
acho que o nosso desmame total está muito próximo. Fiquei triste! Não ligo para
status de cargo, de dinheiro, de nada... Mas o status de lactante me faz um bem
enorme. Tudo bem! Daqui seis meses começamos tudo outra vez. E se o Pedro
quiser parar de mamar por enquanto e voltar depois que a irmã nascer, estarei
aqui, com dois peitos. Um para cada um.
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