Lá pelas 9h, o marido tinha saído e fui fazer o piá dormir.
Ouço a vizinhança conversando sobre o gambá lá na rua. Alguém bate palma. Uma, duas,
três vezes. Não atendi. Depois de um tempo, bateu palma e chamou meu nome. Piá
já dormia. Fui atender e lógico que ele acordou.
Mais tarde o gambá foi embora sozinho. Ufa!
Depois do almoço, conseguimos a tão esperada soneca maior.
Mamãe pode descansar um pouco, também. Às 16h, acordamos. Coloco o rapaz na
cadeirinha, apronto um lanche e corto uma nectarina, que seria o lanche dele.
Estava bonzinho, mas meio sonolento. Fiquei em dúvida se seria o melhor horário
para dar comida, já que tinha mamado há pouco. Mas foi assim mesmo. Babador
colocado, câmera ligada, no cadeirão, todo fofo.
- Olha Pedro, essa é a nectarina!
Me olhou, olhou a fruta e fez essa cara:
Pois é. O coco que estava guardado há três dias resolveu
sair bem na hora da refeição. Você já comeu sentado no vaso sanitário? Acho que
não rola, né?! Enfim...
- Que bom que o coco saiu meu amor! Mamãe só vai terminar de
comer e já troca. Enquanto isso, come um pouquinho da nectarina.
Comeu nada. Brincou de carrinho com ela na bandeja, jogou no
chão, dei outro pedaço, lambeu, até quase se interessou. Mas acho que comer
cagado não é legal, né?! Quando já estava terminando (eu), alguém bate lá na
frente. Junto as coisas na mesa rapidinho, senão ao voltar teria uns gatos
fazendo a festa.
- Afff, o moço da rede, que pedi para passar à tarde!
Peguei o Pedro no colo com o maior cuidado de não apertar
muito.
- Oi moço! Obrigada por voltar, mas é que não consegui sair
pra sacar e dinheiro e estou sem um real em casa, agora. Sabe como é, com neném
em casa a gente fica meio emperrada, né?!
Ele foi muito gentil. Mas muito mesmo. Super compreensivo.
Fiquei até impressionada. Quando coloquei o rapaz no trocador, entendi. Olha
só:
Pois é. O vendedor viu que ele tava cagado. Eu não. Beleza,
vamos limpar. Algodão, água, algodão, água, algodão, água, algodão, água, algodão,
água, algodão, água. Jesus! Tem piscina de coco no umbigo!
- Pedro, tira a mão do cocô! Não, afff você sujou mais
ainda.
Lenço umedecido, algodão, cuidado pra tirar o body, rapaz
que senta no trocador e se curva pra ver o que tem no chão, quase caindo. Ufa!
Acho que está limpo. Hum... sem roupa para troca. Ah! Vai essa mesmo. Comprei
ontem e nem lavei ainda, mas está limpinha.
16h30.
- Vem Pedro, fica na cadeirinha que agora nós vamos sair.
Mamãe precisa ir ao Correio, mas antes tem que ir embalar a caixa. Mas antes tem
que ir sacar dinheiro. Vai ser tranquilo. Tem um caixa eletrônico ali perto.
Fomos. Por que sempre tem vaga de estacionamento só do outro
lado da rua? Ah! Aqui tem uma. Embicadinha. Ótimo! Idoso. Deficiente físico.
Podia ter vaga para mãe. Hum, esqueci a sacola de lona para ir à frutaria. Vou
ficar em débito com o meio ambiente. Melhor nem falar nisso, porque acabei de
vender as fraldas de pano do Pedro. Inclusive são elas que precisam ser
postadas para a compradora lá em Curitiba. Tá. Vamos estacionar do outro lado.
Ai! Essa rua não vira.
Espero que tenha dinheiro no caixa eletrônico.
Ai Murphy! Se eu te pego...
Sai daqui Michel Teló! Fica longe da gente, seu indecente!
Ok. Sem dinheiro no caixa eletrônico. Piá no sling, caixa
enorme embaixo do braço, vamos descer uma quadra até a papelaria para embalar.
Tomara que aceitem cartão.
- Ai que bonitinho! Ué! Mas não fica apertado assim?
Sem tempo e paciência para comentários sem noção.
Claro que não aceitam cartão. Claro que continuava sem um real no bolso. Vamos voltar até o carro. Mais uma quadra e meia com o piá no sling e caixona embaixo do braço. Quem sabe dá tempo de passar lá na mãe, embalar e voltar aqui? Horário de atendimento até às 17h. Agora são 17h55. O moço já está na porta só esperando dar o tempo. Esquece! Fica para amanhã!
Claro que não aceitam cartão. Claro que continuava sem um real no bolso. Vamos voltar até o carro. Mais uma quadra e meia com o piá no sling e caixona embaixo do braço. Quem sabe dá tempo de passar lá na mãe, embalar e voltar aqui? Horário de atendimento até às 17h. Agora são 17h55. O moço já está na porta só esperando dar o tempo. Esquece! Fica para amanhã!
Chegando no carro, um antigo colega e trabalho chega para
conversar. Mentalmente me visualizo e tipo assim, sempre tentei trabalhar meio
arrumada, com o mínimo de maquiagem, com uma roupa alinhada e talz. Pois bem.
Virei mãe em tempo integral... cabeço esbagaçado, olheiras de quem acordou às
5h, blusa cheia de bolinha mas é a única que não marca o puerpério abdominal
que nos resta... Não é a situação mais esteticamente favorável. Mas enfim...
- E aí? Vai voltar [para o jornalismo] quando?
Eita pergunta difícil para quem deixou o mercado de trabalho
para se dedicar “só” ao filho... Um dia! Meu chefe agora é muito exigente,
apesar de ter só 70cm de altura.
Bora pra frutaria!
Tio, perae que to com pressa e a preferencial é minha! Tia,
parei na faixa, mas não foi pra você ficar desfilando essa pança em câmera
lenta!
Muitos legumes e frutas. Quem vê pensa que o Pedro está
comendo um brócolis por dia. Enfim... a esperança é a última que morre, de mãe,
então...
Ei tio! Que feio comendo uva direto da gôndola! Menina para
e mexe com o Pedro que está no sling. Chuta que ele tem 6 meses. Acertou! Ufa!
Alguém acertou finalmente! Sorrio para ela. Brincou e agradou o filho, vira amiga da mamãe =]
Compras no carro, bora pra casa da mãe, ou vó. Enfim, minha
mãe e vó dele. Oizinho básico pra vó, conversinha com o tio, tentativa de pegar
todos os penduricalhos da cozinha. Vamos embora. O dia hoje já deu o que tinha
que dar!