sábado, 3 de março de 2012

Por que eu não queria fazer cesárea

Porque é uma cirurgia.
Porque são cortadas sete camadas de pele.
Porque tem que fazer e ficar no hospital.
Porque respeito muito os profissionais de saúde, mas ODEIO hospital.
Por que mesmo que a técnica tenha evoluído, fica cicatriz.
Porque vou olhar para aquela cicatriz pelo resto da vida.
Porque a recuperação é mais lenta.
Porque não vou poder, sequer, esperar algum sinal de início de trabalho de parto, o que indicaria que meu neném está realmente pronto. Apesar de estar no meu tempo, sinto que estou desrespeitando o tempo dele.
Porque tenho medo de o leite demorar para sair.
Porque são muitas mãos: anestesista, obstetra, pediatra, enfermeiras, técnicos em enfermagem... por último, as minhas.
Porque não gosto daquela foto clássica da mãe imóvel, com aquele pano azul na no peito, o pai segurando o neném de ponta cabeça (não dá ângulo) e o máximo de contato que é possível, é um bochecha-bochecha.
Porque mesmo depois da recuperação maior da anestesia, vou ficar um tempo meio imóvel no quarto e já avisei o marido que visitas só estarão liberadas depois de EU poder segurar o nosso filho e me sentir bem com ele. Não é justo todo mundo tendo essa oportunidade antes de mim.
Porque mesmo depois que voltar para casa, vou precisar tomar cuidados especiais e aí começa o problema: já estou sendo “cuidada” há mais de um mês. Odeio isso. Odeio não ter controle da situação. Com o neném aqui, ainda mais sendo o nosso primeiro filho e primeiro neto, não vão faltar mãos para ajudar. Mas preciso solicitar ajuda, senão meu cérebro entende as intervenções como invasão e a sensação é péssima. Infelizmente poucas pessoas se esforçam o mínimo para entender ou respeitar isso. Sorriso amarelo não quer dizer que estou gostando, só que mamãe me deu educação.
Porque, justamente por ser uma cirurgia, você só faz quando realmente precisa, quando não tem mais escolha. Você não vai deixar de fazer uma cirurgia para colocação de ponte de safena por puro capricho. Nossa situação é igual: não temos opção, mas se tivéssemos, com certeza seria outra.
Porque vou ter que agüentar os palpites consoladores “Ah, mas foi melhor assim” “No parto normal você ia sentir muita dor” “Todo mundo passa por isso e dá certo”. Caso você tinha pensado em deixar algum comentário assim, não precisa, tah?! Agradeço, mas dispenso. Estou ciente do que vamos passar, mas não estou afim de discussão sobre o processo/procedimento.
Porque sou uma pessoa cri-cri, cheia de nóias e adianto muitas situações que podem nunca acontecer, mas preciso desse processo para digerir as coisas da vida.

4 comentários:

  1. Post típico da Bruna que conheço! hehehe!! Bjus amore, boa sorte para vc e para o Pedrinho!!

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  2. Minha querida, Bruna, o que importa de verdade é que o Pedro venha ao mundo saudável e que a mãe dele esteja forte para segurá-lo nos braços! Não importa como nem quando!
    Pode ser a sua primeira difícil decisão, mas com certeza não será a última!
    Estou aqui na torcida, com todos os pensamentos positivos para vocês!
    um beijo grande

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  3. Bruna,

    Pra quem queria PN, palavras não bastam para consolar a cesárea. Mas o milagre está ali do mesmo jeito. Não deixe a tristeza pelo parto tirar os olhos disso, do milagre que é o nascimento do seu filho! Seu filho te ama, sabe a barra que você está segurou com essa dor, e virá lindo, em paz.

    E, olha, muito boa sua ideia de só receber visitas depois que o bebê for pro quarto. Eu não estava sozinha quando ele chegou e senti muito. Queria muito ter ficado só com meu marido e meu filho. As pessoas querem dar carinho e pensam estar ajudando, mas - no meu caso - atrapalharam, tiraram a intimidade tão importante naquele momento. E eu estava tão em alfa que mal consegui falar isso. Ah, se eu pudesse voltar atrás, só receberia visitas no segundo dia.

    Boa hora e muito leite!

    Rafaela

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  4. Oi Bruna, acabei de conhecer o seu site e virei sua fã.. rs
    Sou a prima aki de Ourinhos, irmã da Elisangela ( afilhada da sua sogra). Eu tb tenho um Pedro, o meu tem nome composto Pedro Henrique e esta com 11 meses ( e ainda mama no peito)... eu tava lendo a sua " nóia" de cesárea e sinceramente não achei tudo isso que vc disse para não querer.. mas cada um é cada um né... eu fiz duas e foram ótimas recuperação nota 10. Metade dakelas mãos que vc comentou eu nem vi.. tava focada nos meus bebês e só queria ouvi-los chorar e saber se tava tudo bem.. Falando em contrações eu senti quando meu Pedro nasceu..menina..não.. é bolinho não hein.. quis mais ainda fazer a cesárea.. rsrs Qdo a Ana Clara nasceu tb fiz e ela nasceu de 40 semanas certinho ( ela esta com 3,5 anos)..Bom desculpe a minha intromissão.. mas achei o máximo ler tudo isso.. me fez voltar no tempo.
    Bjus a todos
    Hellen

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